A roda dos enjeitados

No passado existia um lugar comum às crianças que nasciam em famílias pobres e sem condição para criarem seus filhos: a roda dos enjeitados. Um lugar bem próximo às capelas e casas de acolhida. Estas estruturas também eram chamadas de Santas Casas de Misericórdia. No Brasil houveram 14 casas como estas, a primeira aberta foi em Salvador em 1725 e à ultima à ser fechada foi de São Paulo em 1950. Na época não havia politica pública e nem estruturas sanitárias. As crianças fruto do rejeito, na sua maioria acabavam morrendo de desnutrição ou de quadros infecciosos, não eram muitas que chegavam à idade adulta. Mas mesmo sabendo dos altos riscos de morte, às famílias continuaram a entregar seus filhos ali, não conseguiam enxergar saída. No alto do local havia um sino posto junto a roda, quando ele tocava era sinal que mais uma criança estava ali. Na Inglaterra e em outros países do continente europeu não era diferente. O Brasil havia herdado a vocação do cuidado implantado pela igreja católica e o principal objetivo não era apenas fazer com que a criança vivesse, mas batizá-la afim de que sua alma fosse salva (indulgência). Com o passar dos anos na Europa, os temores de guerra e à ascensão militar e bélica de alguns países fez com que o estado olhasse de maneira diferente para estas crianças rejeitadas. Surgiu então o interesse de torná-las parte do exército para que pudessem servir a nação, mas para isso era preciso cuidar dos pequenos e abandonados, um papel cristão que a igreja abraçava em nenhum apoio, mas agora era preciso mais que um papel espiritual, fazia-se necessário infra-estrutura. Depois da inclusão do estado como fiador no papel assistencial houve expansão do acolhimento, e os rejeitados tiveram um novo nome, de enjeitados ou rejeitados, tornaram-se os FILHOS DA PATRIA, o termo deriva-se do papel do estado como tutor destas crianças sem família. Depois de adultos, estes jovens deveriam estar na frente da batalha, corriam maior perigo do que qualquer outro, mas foram forjados no perigo e alguns se tornaram símbolo de luta e bravura. 

Nesta quinta ouvindo o sermão do Pastor Davi, pude perceber algo, não importa qual grande o problema pareça ser, a fé te livra dele, no caso destes jovens, a fé de outros também os resgataram da morte. Estes jovens eram deixados para morrer, mas se tornaram grandes guerreiros e a história teve que se submeter a escrever a respeito deles de uma forma diferente. Os enjeitados se tornaram motivo de orgulho e grande patriotismo. Com isso posso dizer: não importa o tamanho da tragédia, sempre haverá a possibilidade de uma grande história. 


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