A enxada, meu pai e eu

Quando completei cinco anos de idade, ganhei um presente do meu pai, o primeiro e único, o que certamente tornou-o muito especial. Não era um carrinho ou um nitendo super legal, nem mesmo nenhuma espadinha ou bichinho que meus colegas colecionavam em seus currais chiques. Não tenho nada contra, até queria um, mas não tive, e não pergunte, estou bem com isso.

Mas o que eu ganhei afinal? Nada sofisticado, mas fazia uma estrago danado por onde passava: uma enxadinha de capinar pequena.
Ele havia colocado cabo nela, depois disso me chamou e apresentou aquele presentão, e acredite, nada poderia ter me feito mais feliz. Não tinha haver com a enxada, tinha haver com presença, aquele presente estranho para alguns, me dava condições e oportunidade de passar mais tempo com meu pai.
Já eu não conseguia fazer muito com ela, é verdade, não dominava bem seu peso, não tinha força suficiente e nem a habilidade necessária para cumprir o propósito daquilo. Mas meu pai não se importava, não era da minha força que ele precisava, nem da minha habilidade, o que ele queria era apenas minha presença.

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