Sobre um Velho Herói!

Meu avó nos deixou nessa madrugada de segunda-feira, tinha 79 anos, casado há 56 com a minha Vó Antônia, 06 filhos, 13 netos e 03 bisnetos. Foi o fim de uma vida dedicada à família, ao trabalho e ao bem de todos. Suas historias engraçadas, o jeito sarcástico e inteligente das brincadeiras, ele não perdia a oportunidade de dar uma boa risada. Vou contar um pouco sobre o Vô Vicente, para os amigos “o Vicentim Guimarães”.

Ontem meu tio disse: “meu pai foi um herói Cleison”. Eu disse o mesmo, no lugar de capa, um chapéu e uma lanterna. No lugar de uma “super-moto” uma bicicleta monarck vermelha com garupeira, que não andou mais depois de agosto do ano passado, mês que sofreu o AVC, nem mesmo a lanterna e o chapéu foram usados. Durante trinta anos ele trocou o dia pela noite, o “Vô Vicente” era vigia noturno, mas acordado viveu todos os momentos que um homem precisa, e, merece viver: Viveu as bodas de ouro com minha avó, viu as filhas se formarem e os filhos se tornarem homens de bem, viu os netos e os bisnetos nascerem e participou da vida de cada um e como amor amou, e também foi amado. Todos também ao longo da vida viram meu avô no banco na porta de casa, lá sentava todos os dias, muitos até indispensavelmente sentaram nele, outros nem mesmo um dia sequer deixavam de passar lá pra dar “um dedinho de prosa”. Acho que até aquele banco vai ficar com saudade, perto dele, assunto era o que não faltava, pescador, caçador, bom piadista e conhecedor da vida. Ontem a maioria de nós sentou no banco, mas estava faltando alguém... Faltava o seu dono! Ele cumpriu a missão, combateu o bom combate e guardou a fé. A nossa certeza é essa e o nosso conforto também. E aqui para esta vida ele deixou o que mais gostava de contar “boas historias”.

Eduardo Mendes

Para ele, “Cleison”, seu neto!