Sobre Argumentos de um Poeta!

Já fazia muito tempo que o poeta tinha deixado os versos para trás. Há muito tempo as rimas tinham perdido o ritmo e desaparecido, apenas ruídos e ressentimentos habitavam o coração do poeta. Havia muito tempo que ele não contemplava o nascer do sol, ele já tinha esquecido de como as manhãs são belas e as tardes tranquilas. Havia muito tempo que ele não provava a sensação gostosa da felicidade sem pagar nenhum preço por ela. Mas agora tudo parecia diferente, um despertar para a vida tinha cruzado as linhas da historia dele, se sentiu "agraciado". Já podia sorrir e sonhar novamente, ele encontrou algo que preenchia os espaços vazios de seus versos e agora fazia tudo ter sentido. Ficou indignado por ter se escondido atrás de argumentos fantasiosos como; “não estou preparado o suficiente tentar” ou “acho que ainda não é a hora certa”. Quantas poesias poderia ter feito se acreditasse mais nele e principalmente no seu talento de fabricar vida em palavras, traduzir segredos em linhas e em atitudes. Há quanto tempo ele poderia ter abusado da simplicidade dos pequenos gestos e torná-los "eternificados". Há quanto tempo ele poderia ter confiado em si, mas nunca ouviu seu coração, confiou apenas na palavra dos homens. Mas os mesmos que o aplaudiram um dia, também viraram suas costas quando ele mais precisou. Aí então, entendeu que é preciso separar os bem-intencionados dos mal-intencionados, verdeiros de falsos. Entendeu que é preciso fazer dos bons amigos motivo de inspiração e dos inimigos experiência. O Poeta aprendeu que não é debaixo para cima que se escreve, mas de cima para baixo. Não é escrevendo um fim e desprezando um começo que se vive uma vida. Afinal, a poesia precisa de um meio... então crie o seu!


Eduardo Mendes

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