Até tu Brutus?




Na imortalizada obra de Shakespeare, Brutus, um leal amigo de Julio César, imperador e pretenso ditador de Roma retrata seu assassinato de forma covarde em frente aos olhos do famigerado senado. Em seus últimos suspiros, o imperador que fora golpeado com um punhal nas costas, olha nos olhos do amigo e exclama: "até tú, Brutus?". O fim trágico do imperador não deu fim a tirania como pensavam os notáveis senadores. Um pouco de paz aqui e ali, mas nada além disso. Mas quando perguntado o sobre o motivo de tal atrocidade, Brutus reponde: "por amor a Roma". Um crime por amor. Uma doidice que busca cunho lógico para justificar e amenizar a crueldade. Essa é a lógica utilitária que busca remediar com o irremediável, usando o fim como justificativa propulsora dos meios. O ideal do amor de Brutos serviu-se do ódio amigo e acabou em morte e exílio. 

O tempo passou, mas os imperativos continuam os mesmos, a prisão ao ideal seletivo matando a revelia enquanto os deveres efetivos estão em baixa. Um amor grande não pode se alimentar de crimes pequenos para se manter de pé. Esse tipo de amor criminoso não resolve nada e não ajuda ninguém, apenas abre mais covas.  



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